sábado, 19 de setembro de 2015




"a maior parte tinha um aroma forte e convincente, que me penetrava como se também quisesse despertar-me lembranças. 
Mas eu não tinha nenhuma".

domingo, 13 de setembro de 2015

segunda-feira, 16 de março de 2015

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Mark

"Meia hora depois, quando saiu do restaurante e se despediu do amigo, o clarão de um pôr-do-sol avermelhado inundava a vista do canal, enquanto mais ao longe, em meio à chuva que caía obliquamente, uma estreita tira de ouro marginava a ponte por onde desfilavam pequenas silhuetas negras.
[...] Sua felicidade e a limpidez do ar deixavam-no algo tonto. Uma seta reluzente de cobre atingiu o sapato envernizado do elegante cavalheiro que descia de uma carro. As poças que ainda não haviam acabado de secar, circundadas pela contusão arroxeada da umidade (os olhos vivos do asfalto), refletiam a suave incandescência do final de tarde. As casas continuavam cinzas como sempre; no entanto, os telhados, as cornijas acima dos últimos andares, os para-raios pintados de dourado, as cúpulas de pedra, as colunatas - que ninguém nota durante o dia, pois os passantes então raramente erguem os olhos - estavam agora banhados de um ocre suntuoso, o sopro cálido do poente, e por isso aquelas varandas, aqueles pilares e frisos, pareciam tão surpreendentes e mágicos, contrastando fortemente, por seu brilho fulvo, com as insípidas fachadas que ficavam abaixo".






sábado, 17 de janeiro de 2015

La courbe de tes yeux


La courbe de tes yeux fait le tour de mon coeur,
Un rond de danse et de douceur,
Auréole du temps, berceau nocturne et sûr,
Et si je ne sais plus tout ce que j’ai vécu
C’est que tes yeux ne m’ont pas toujours vu.
Feuilles de jour et mousse de rosée,
Roseaux du vent, sourires parfumés,
Ailes couvrant le monde de lumière,
Bateaux chargés du ciel et de la mer,
Chasseurs des bruits et sources des couleurs,
Parfums éclos d’une couvée d’aurores
Qui gît toujours sur la paille des astres,
Comme le jour dépend de l’innocence
Le monde entier dépend de tes yeux purs
Et tout mon sang coule dans leurs regards.
Paul Eluard, Capitale de la douleur, 1926.